As transformações do setor envolvem não apenas o investimento em ferramentas tecnológicas para a operação, como também uma nova visão gerencial e a abertura para novos modelos de negócio. Conforme publicado pela Gartner, organização internacional de pesquisa especializada em tecnologias, 38% dos líderes da cadeia de suprimentos estão preocupados que seus negócios não estejam bem posicionados para lidar com os desafios dos próximos dois anos. Para o órgão, a crise da Covid-19 foi um catalisador para a transformação das empresas de logística, mas uma mudança radical ainda está à frente.

Nesse novo cenário, a Gartner destaca cinco mudanças no universo da Supply Chain que estarão em curso nos próximos cinco anos: Digitalização da cadeia de suprimentos; globalização e offshoring; novos modelos de negócios; migração para o e-commerce; equipes remotas e distribuídas. Para adequar-se a elas é preciso ter uma boa estrutura, contar com tecnologias avançadas, inovar, flexibilizar. E o mais importante: colocar a experiência do cliente no centro das prioridades.

1 – Digitalização da cadeia de suprimentos

De acordo com a Gartner, 23% dos líderes da cadeia de suprimentos esperam ter um ecossistema digital até 2025. Esses profissionais veem a digitalização como chave para moldar oportunidades de negócio na próxima década.

Para o órgão, o aumento da digitalização resulta em uma logística mais resiliente e ágil, alimentada por tecnologias como a Internet de Coisas (IoT), digital twin e blockchain, as quais são capazes de otimizar a colaboração de rede, a visibilidade e o gerenciamento de risco.

 

2 – Globalização e offshoring

Segundo o levantamento, 46% dos líderes da cadeia de abastecimento antecipam declínios na globalização e 61% deles vê uma queda na fabricação offshoring nos próximos cinco anos.

Na visão dos especialistas da Gartner, a globalização está sob pressão no cenário atual, em razão do fornecimento complexo, da demanda por mercadorias fabricadas em outros países ou continentes (a exemplo do IFA para as vacinas, produzido na China), do aumento do capital de giro e do lead time. Nesse sentido, recomenda-se uma reavaliação das estratégias de offshoring e rede, assim como a busca pelo equilíbrio no reshoring, de modo a conter custos, lidar com as implicações fiscais e as disponibilidades do mercado local. A estratégia deve, portanto, ir no caminho de reequilibrar a balança entre cadeias locais, regionais e globais.

Para o futuro, se vê um cenário de busca pela diversificação da fabricação para melhorar a resiliência e a agilidade que já estavam em andamento antes de 2020. Segundo a pesquisa, quase metade das cadeias de abastecimento irá mover a produção para diferentes países ou regiões. As empresas vão investir em sourcing localizado visando a resiliência, agilidade e crescimento sustentado nos mercados locais, por exemplo, treinando pequenas empresas locais atendimento a grandes redes globais de fornecimento.

 

3 – Novos modelos de negócios

Ainda conforme a pesquisa, 79% dos líderes da cadeia de abastecimento pensam que uma abordagem baseada na internet / plataforma é o novo modelo de negócio para apoiar a recuperação pós-pandêmica. Segundo o órgão, os CEOs aproveitarão a oportunidade para “reiniciar” ou reconstruir seus negócios para novas realidades.

Para tanto, é fundamental revisitar e realinhar as estratégias de supply chain aos novos modelos de negócio. Isso inclui uma atenção sobre a segmentação de clientes e os custos de atendimento às demandas.

 

4 – Migração para o e-commerce

O levantamento também mostrou que 69% das organizações da cadeia de abastecimento esperam uma diminuição na vontade do consumidor de visitar lojas nos próximos cinco anos.

Os bloqueios realizados pelo governo e a preocupação da população quanto à contaminação pela Covid-19 provocaram a redução do tráfego nas lojas físicas. Os consumidores passaram a gastar mais no comércio eletrônico, prejudicando as empresas que não integraram seus canais online e offline ou mesmo aquelas que não abriram suas vendas na internet.

 

5 – Equipes remotas e distribuídas

Por fim, uma constatação impactante: 98% dos líderes da cadeia de abastecimento acreditam que o trabalho remoto irá aumentar nos próximos cinco anos.

Culturalmente, as empresas de logística sempre foram baseadas em trabalho local, presencial. Mas com a pandemia, esse cenário começou a mudar e a tendência é que continue em transformação.

Nos próximos cinco anos, os especialistas acreditam que as organizações da cadeia de abastecimento terão uma força de trabalho híbrida, que transitará entre o presencial e o remoto. Para o órgão, o aumento do trabalho remoto irá fornecer mais acesso a talentos. Tecnologias para rastreamento da produtividade serão muito utilizadas, assim como práticas virtuais de registro de tempo e monitoramento do uso do computador. Plantas físicas, armazéns e escritórios corporativos continuarão a existir, mas cada vez mais irão se transformar em espaços de colaboração e inovação.

 

Fontes: gartner.com | delage.com.br