Internet of Things, IoT, (Internet das Coisas, em português) é uma tecnologia disseminada atualmente entre as mais diversas áreas. Como o próprio nome sugere, a ideia remete a dispositivos conectados à internet, desde celulares a eletrodomésticos, que possam dialogar com outros sistemas ou entre si. Exemplos estão em todos os lugares e não param de se diversificar. Um estudo promovido pelo Grupo Gartner aponta que em 2020 o número de “coisas” conectadas à internet chegaria a 25 bilhões. Esse número, simplesmente, não para de crescer, combinando o contínuo avanço da tecnologia e a expansão da própria internet no mundo. IoT não é apenas uma tendência, mas uma certeza em nossas vidas, tanto em âmbito pessoal quanto laboral.

E a área de Logística Internacional e Comércio Exterior?

Atualmente, a cadeia varejista está implementando projetos de IoT e colhendo frutos dessa maior conexão. Um dos projetos mais famosos é no momento em que o RFID da mercadoria é lido no caixa do supermercado, uma informação é disparada diretamente ao fornecedor, que agora é responsável por gerenciar o estoque das suas próprias mercadorias em determinada
loja. O sistema do fornecedor, então, dispara uma ordem de expedição interna. As etapas de controle de estoque e de expedição foram, dessa maneira, automatizadas com uma grande precisão, e o custo de manutenção do estoque foi reduzido, entre outros benefícios.
Entretanto, estamos apenas no início de inovações disruptivas em nossa área. Imaginemos quando o GPS de caminhões com horários agendados para um determinado gate enviem informações automaticamente para o recinto aduaneiro sobre a sua chegada. E esse veículo, quando identificado na região, uma atividade é automaticamente realizada: os sistemas da
transportadora e do recinto se comunicam para checar a documentação, ao invés de apresentá-la em papel. Alguém perguntaria: mas e a identificação do profissional, com a carteira de identidade, para acesso ao gate de entrada? Isso é ainda mais fácil: reconhecimento digital ou facial, enquanto a informação gerada pela balança do recinto também faz o cruzamento com o peso informado.
Não podemos nos esquecer que a IoT também trabalhará em benefício à fiscalização. Pode-se vislumbrar, por exemplo, os lacres eletrônicos inteligentes e as imagens geradas pelo escâner sendo processadas por uma inteligência artificial (ou um machine learning), cruzando dados dos CNPJs envolvidos na operação, para identificar cargas que tenham um maior risco e essas sejam fiscalizadas durante o trajeto. Isso, definitivamente, aumentaria a assertividade das autoridades.
Ou algo ainda mais simples para resolver um problema contínuo na logística internacional: informações conflitantes entre os documentos que acompanham a carga, como os Conhecimentos de Cargas (AWB e BL) e o VGM (Verified Gross Mass) e a própria carga. Esse problema detectado (antes mesmo de eu me conhecer como profissional no comércio exterior) gera retrabalho, um histórico ruim no gerenciamento de riscos dos órgãos intervenientes e prejuízos gerados pelo atraso ao cruzar a fronteira. (E nem preciso citar o estresse gerado pelas homéricas discussões entre todos os envolvidos na cadeia de suprimentos).
E se o IoT atuasse, também, como uma ferramenta de parceria entre o Setor Privado e os órgãos intervenientes de comércio exterior? A habilitação no Programa Operador Econômico Autorizado (OEA) tem como base a confiança da Aduana (Receita Federal) para com a empresa. Seria possível que dispositivos gerando informações em tempo real e com maior precisão
fortalecessem ainda mais essa parceria e, assim, a Receita Federal estivesse mais aberta a discutir benefícios ainda maiores para os habilitados? Ou, quem sabe, IoT é uma chave para fazer com que as tradings sejam incluídas no Programa Brasileiro?
Ainda podemos colocar mais alguns questionamentos, que não são tão “futuristas” assim, para fazer sua mente explodir…

• Quais são as pontes necessárias, através de IoT, para que dois machines learnings conversem?
• Como a IoT pode tornar o Blockchain uma realidade mais palpável para a movimentação de carga internacional?
• Como posso fazer que simulações sistêmicas (de cenários) se tornem cada vez mais autênticas e atualizadas através de IoT?
• Em quais dados capturados através de IoT devo estar focado para que ferramentas de Big Data e Análises Preditivas sejam mais eficientes?

Talvez, alguns duvidarão de todas essas perguntas acima. Mas, em um passado não tão distante, a Apple e o Google fizeram a promessa que seria possível você controlar todos os equipamentos eletroeletrônicos através do seu smartphone. Algumas pessoas, na época, demonstraram ceticismo. Hoje em dia, vemos que a IoT dizimou essas barreiras e vem fornecendo novos
horizontes para quem busca inovar.

Para nós, de Comércio Exterior e Logística Internacional, observaremos com maior frequência planejamentos mais refinados, o rastreamento intensificado e o aumento da eficiência da fiscalização.

por Yuri da Cunha Ferreira
Especialista de Comércio Internacional
da ECOMEX-NSI –
Fonte: A4 Comex